Michele Martines, Vendo a vista, 2019, acrílica sobre tela, 80 x 100 cm.

Múltiplos significados podem ser atribuídos à palavra perspectiva. Por exemplo, a perspectiva geométrica, amplamente difundida no renascimento, designa a representação dos objetos no plano bidimensional a partir de um ponto de vista. Ainda no plano bidimensional, a perspectiva atmosférica nos informa visualmente sobre as distâncias por meio de mudanças de tonalidades. Já os impressionistas exploraram seus pontos de vista de maneira fenomenológica. Ao longo da história da arte, a perspectiva ampliou sua abrangência nas produções artísticas com o advento da fotografia e outras tecnologias, além da incorporação de novas linguagens. Um bom exemplo dessa expansão é a experiência de adentrar numa instalação, vendo de dentro para fora e de fora para dentro. E ainda há outras maneiras de abordar a perspectiva, como no âmbito da performance, das produções audiovisuais, entre outras. Assim, não somente imagens nos revelam perspectivas, mas também gestos, textos e áudios.

A noção de perspectiva foi igualmente estudada como forma de apresentar diferentes concepções no campo das ideias. Esse tema foi introduzido no livro de Erwin Panofsky, A perspectiva como forma simbólica nas artes visuais. No Brasil, o termo “lugar de fala”, enquanto contexto de uma vivência pessoal, foi popularizado recentemente na academia pela filósofa Djalmira Ribeiro no seu livro O que é lugar de fala? Diferentes agentes do campo da cultura trazem consigo seu histórico ou sua bagagem pessoal como pano de fundo, o que muitas vezes impacta suas práticas. Nossa perspectiva é ainda influenciada pelo modo como sentimos o mundo. Assim, produções artísticas podem ser concebidas a partir de campos de visão variados, sendo expandidos por meio da percepção e compreensão de cada pessoa.

A proposta desta 19ª edição da revista Arte ConTexto (ISSN 2318-5538) é explorar a perspectiva de várias formas, seja em torno da materialidade de uma obra de arte, seja considerando a subjetividade do ser humano envolvida na produção de conteúdo. Qual ponto de vista adotamos ao elaborarmos um  projeto, um texto, um movimento, uma produção audiovisual, um áudio, um trabalho artístico? Por que escolhemos abordar ou produzir uma obra usando uma teoria específica? Quais os caminhos possíveis para abordar perspectivas antirracistas, decoloniais, feministas, ecológicas, anticapitalistas? O que o estudo da perspectiva nos permite concluir sobre um trabalho artístico? Com as suas propostas, queremos também descobrir outras perspectivas.

A submissão de conteúdos deve ser realizada até o dia 10 de dezembro de 2023. Formatos aceitos para submissão: artigos, textos curtos, textos-obras, resenhas, entrevistas, portfólios, áudios e vídeos. Para mais detalhes, acesse as normas de publicação. As submissões devem ser realizadas pelo formulário.