A Arte ConTexto elaborou a exposição coletiva “Perto de Nós” a partir de produções poéticas que se alimentam das relações suscitadas por determinados lugares presentes no nosso entorno ou ainda existentes em nossas memórias, como casas, locais visitados, ambientes de passagem e paisagens vislumbradas. O projeto expositivo foi desenvolvido para o lançamento da plataforma Aura Curadoria Contemporânea, ocorrido em abril de 2015.
As obras escolhidas dos 19 artistas: Adauany Zimovski, Ana Hupe, Carla Borba, Claudia Hamerski, Eduardo Montelli, Emanuel Monteiro, Fabíola Scaranto, Fernanda Valadares, Ismael Monticelli, Letícia Bertagna, Letícia Lampert, Luciane Bucksdricker, Marco A. F., Marcos Fioravante, Mayra Redin, Nathalia García, Rogério Nunes Marques, Túlio Pinto e Ubiratã Braga, evocam maneiras de experienciar/perceber o nosso “ao redor”, de forma a transmutá-lo em um universo da ordem do sensível.
A mostra aconteceu no espaço do Loft da Vasco (Porto Alegre/RS), entre os dias 15/04 e 25/04, agregando uma programação com diversas ações: visitas de turmas do Instituto de Artes da UFRGS; bate-papo sobre livros de artista com Paola Fabres e Francisco Ribeiro; e conversa com Maria Helena Bernardes, sobre o eixo curatorial da exposição e outros artistas vinculados à proposta.
Texto Curatorial
"Perto de Nós" instiga aproximações com universos da ordem do sensível.
Os dezenove artistas aqui presentes partem de lugares que suscitam sensações,
desencadeiam processos poéticos e
investigam relações entre o sujeito e o seu entorno.
Diante de nós, delineiam-se cenários, veredas, lugares imaginários e contextos inóspitos.
Esses campos, uma vez adentrados, conduzem para novas experiências.
Despertam a poesia e a subjetivação,
encontradas tanto em geografias singulares,
como no próprio convívio com o cotidiano e suas conjunturas triviais.
Assim, somos levados a um exercício de ampliação dos sentidos.
Passamos a sentir as superfícies do chão,
as paredes que nos comportam e, às vezes, até nos comprimem.
A poeira acumulada torna-se pictórica,
partículas, suavemente, constituem terrenos.
O inusitado se revela tangível.
Há um mergulho nas fissuras da pele que recobre os lugares.
Dessas aberturas, brotam raízes e planetas diminutos, como as cascas de uma noz.
Então, derivamos entre espaços.
Tocamos a vibração da água, raspamos na ponta das montanhas.
As obras que aqui residem mostram-se como proposições.
Dão vozes aos silêncios dos ambientes esquecidos,
tornando-os profusos e significantes.
Ao visitar distintos tempos e espaços, elas alcançam sutilezas da memória e
estabelecem terrenos simbólicos edificados por composições formais.
Eis, assim, retóricas visuais que apostam na exploração de discursos mais sutis,
costurados com linha que foi recolhida da espuma do mar.
Essa trama macia e vaporosa nos pausa delicadamente.
Em seguida, passamos a sentir.
O entorno tornou-se mais perto de nós.