Como duas artistas mulheres, moradoras em lugares considerados periféricos em relação ao centro de São Paulo, Bárbara e Jenniffer muito entendem de travessias – e acessos.

Como selecionada para integrar a Residência Arte Vai Passar no ano de 2022, sediada na Oficina Cultural Oswald de Andrade, eu, Bárbara, elaborei algumas ações instalativas e esta performance – com o objetivo também de partilhar o acesso a esse espaço tão importante de pesquisa, produção e fomento de arte na cidade. Dentro deste trabalho, então, a relação entre centro/eixo e extremidade/periferia é sem dúvida um dos focos dentro da dança contemporânea que pesquisamos em cena, chamada Contato Improvisação.

Claro que acessibilidade e democratização do acesso às culturas dentro de meios hegemônicos de arte por assim dizer são temas que precisam entrar nas pautas coletivas e individuais de nossas vivências.

No entanto, sou da opinião de que cultura está sendo produzida a todo momento, como fungos: brotando e lançando seus esporos ao vento. Nesse sentido, como uma artista que morou essencialmente a vida toda em Guarulhos (considerada uma cidade “periférica” em relação a São Paulo, por exemplo), a pauta que me ocorre, na submissão deste trabalho (que realizo convidando outra mulher artista periférica), emerge mais em mim nas questões sobre a falta de “espaço de mostragem” para culturas talvez não-hegemônicas. Ora, se falamos e temos espaço onde ecoar, certamente a vibração de nossas vozes vai mais longe e ganha o espaço.