O corpo em deslocamento é marca e registro central do trabalho desenvolvido por Diego Aliados. As linhas que balizam o trabalho do artista se desenrolam no caminho complexo da cidade e seus territórios cheios de superposições, que gritam no entremeio de gente, aromas, sensações e sentimentos de dor, amor, admiração, medo e esperança.

O trajeto se faz com os pés livres para andanças, mas, principalmente, pelo olhar sensível a cada movimento de desvio alheio. A imagem, pousada ou surpreendida, alavanca reverberações que falam: expressão artística que combina a incrédula realidade da vida na obra.

Cada linha do mapa desenhado em trajetos e cada canto e evocação de vozes polifônicas da cidade estão presentes nos territórios imaginados pelo olhar e pelo cuidado com armadilhas, não cultuando o belo, mas transformando tudo o que é possível nele. Aliados convida as pessoas para um passeio rasgado de tiras fulminantes, que representam a cidade murada, livre e cinza, mergulhada na inocência das crianças, nos animais e no desespero e esperança dos demais. A exposição Trajeto lança um convite para um passeio a céu aberto, para admirar uma cidade que busca alívios e respiros a partir daquela guardada por muros e enclaves que, cotidianamente, o artista destrói.

Texto de Marina Barbosa
Curadoria: Célia Kuwajima