DESINVENTAR PROFUNDEZAS

TEXTO-OBRA DE AMANDA ROSETTI DA SILVEIRA, ECLEA PÉRSIGO MORAIS, FREDERICO GUILHERME BANDEIRA DE ARAÚJO, HEITOR LEVY FERREIRA PRAÇA, LAURA SOUZA RÊDES e LETÍCIA CASTILHOS COELHO

Amanda Rosseti – Escola de Belas Artes, EBA-UFRJ, integrante do Grupo de Pesquisa Modernidade e Cultura (GPMC-IPPUR-UFRJ).
Eclea Pérsigo – Doutoranda do IPPUR-UFRJ, integrante do GPMC-IPPUR-UFRJ e mestre em Planejamento Urbano e Regional.
Frederico Bandeira – Doutor e coordenador do GPMC-IPPUR-UFRJ e professor na mesma instituição.
Heitor Levy – Doutorando do IPPUR-UFRJ, integrante do GPMC-IPPUR-UFRJ.
Laura Rêdes – Mestre no IPPUR-UFRJ, integrante do GPMC-IPPUR-UFRJ.
Letícia Castilhos – Doutoranda IPPUR-UFRJ, integrante do GPMC-IPPUR-UFRJ

Revista Arte ConTexto

REFLEXÃO EM ARTE
ISSN 2318-5538
V.5, Nº13, JUL., ANO 2017
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………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….Arranco

Leio a escritura que segue.

Digo a Isaura este arranco.

Rastro Sete-Pele é uma escritura que se diz rastro sete-pele. Que se diz, portanto, um tipo de rastro cujo atributo nomeia sete-pele.

[Sete-Pele assim não constitui o nome do sujeito de uma fala, mas expressa um predicado desta escritura. Trata-se de um predicado ambíguo, nem bem, nem mal, nem justa mediação ou qualquer extrapolação trágica. Predica potência pura, capetamente não constrangida por monumentos de valor. Não é dito heteronomamente como atributo inerente ou agregado à escritura, mas é constituído na argumentação do próprio ensaio como um devir de desestabilização do que é dito. Rastro Sete-Pele, assim, não se autofunda a priori em qualquer origem ou destino externos e nem num centro totalizador e conciliador de sentido. Dobra-se e desdobra-se em paradoxos como modo de não falar, falando. Não expressa relações causais, mas diz rastros de rastros em agenciamentos que se abrem ao infinito. Rastros, então, que se tramam pela positividade de suas diferenças, pelo que ecoam, reverberam, distorcem, agregam, sobrepõem, cortam, insistem, estilhaçam, sublinham, colorem, obscurecem, iluminam, traduzem uns aos outros que já sempre estarão tornando-se outros e outros. A imagem heroica de Rastro Sete-Pele é o labirinto. Sua estética é o rococó. Esse é o seu diabólico. Se diz movimento catástrofe (catastrofar). Arruinamento. Abismo.

Desse modo, esse arranco dito a Isaura não se constitui enquanto uma mise-en-scène de Rastro Sete-Pele, mas como um movimento impetuoso de mise-en-abîme. Estilhaçamento da esperança conciliadora dos fragmentos. Mise-en-abîme da palavra experienciar.]

Mas e Isaura a quem digo esse Arranco?

Digo a mim Isaura dizendo(-se) a mim.

 

[Suportar o cair da intensa turbina de inúmeros fluxos e de possibilidades de expressões torna-se condição? É tudo rabisco. Como se fosse em forma de vento. Pelos a voar para baixo e braços na altura da cabeça. Estás a gostar e temer. A lógica arborescente é aborrecente e tu desejas o humor. Simples o desenho. Te dás conta que estás a rizomar. Que estás sendo rizoma. Que estás a viver aionamente num processo de desestruturação começo-meio-fim. Mas Chronos permanece. É aí que pontos de parada são estabelecidos (a toda hora). Criam-se espessuras e substâncias. Segmentos e fragmentos finitos. Sujeitos centrados, verbos ser e outros a ele sujeitados, objetos diretos e indiretos. Desse modo, constituis a mim na tua cabeça, sulcando-me em ti. Constituis a mim me dizendo Isaura, salvando esse nome em ti. Dizendo esse nome como o que diz e o que não diz alguém. Isaura.]

Partiu Rastro Sete-Pele 1…………………………………..

 

1  O termo “rastro”, usado com insistência neste ensaio, tem por referência o significado a ele atribuído por Jacques Derrida. Cf. DERRIDA, Jacques. La différance. In: ______. Márgenes de la filosofía. Madrid: Catedra, 2008, p. 37-62.

Referências Bibliográficas

DERRIDA, Jacques. La différance. In: ______. Márgenes de la filosofía. Madrid: Catedra, 2008, p. 37-62.

Lista de Imagens

Avesso sobre o papel. Autor: Isaura (2015).

Partiu Sete-Pele. Autor: Isaura (2015).