DO ISOLAMENTO AO DESLOCAMENTO: SOBRE OS MOVIMENTOS NO PROCESSO DE CRIAÇÃO
ARTIGO Catiuscia Bordin Dotto e Teresinha Barachini
Catiuscia Bordin Dotto // Escultora, pesquisadora e Doutoranda em Artes Visuais pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV/UFRGS). Atua como professora do Instituto Federal Sul Rio-Grandense (IFSUL).
Teresinha Barachini // Artista, pesquisadora e professora do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IA-UFRGS). Atua no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV UFRGS) e na graduação em Artes Visuais (DAV-IA-UFRGS). Doutora em Poéticas Visuais pelo PPGAV | UFRGS e Mestre em Artes pela ECA | USP.
RESUMO
Ao considerar os obstáculos do deslocar-se e isolar-se decorrentes da pandemia de COVID-19, este texto traz uma reflexão sobre o processo criativo de Catiuscia Dotto, uma mulher escultora que produziu seus trabalhos em dois contextos diferentes: o primeiro, Germinares (2021), foi realizado em granito no Egito, carrega o estado de suspensão e contém a representação do passado e do futuro; e o segundo, Desvanece uma na outra (2022), foi realizado em seu ateliê, consiste em um conjunto de duas peças que se complementam, e, ao mesmo tempo, se repelem.
PALAVRAS-CHAVE
Escultura. Processo Criativo. Arte Contemporânea.
ABSTRACT
Considering the challenges of moving and isolating oneself from the COVID-19 pandemic, this text reflects on the creative process of Catiuscia Dotto, a woman sculptor that produces her works in two different contexts: the first work, Germinares (2021), which was made in granite in Egypt, carries the state of suspension and contains the representation of past and future; and the second, Desvanece uma na outra (2022), which was made in her studio, consists on two pieces that complements and repel each other at the same time.
KEYWORDS
Sculpture. Criative Process. Contemporany Art.
Revista Arte ConTexto
REFLEXÃO EM ARTE
ISSN 2318-5538
V.7, Nº18, MAR., ANO 2023
ACESSO À CULTURA
Para este texto, foram escolhidos trabalhos da doutoranda Catiuscia Dotto, buscando uma reflexão sobre a experiência de ser uma mulher escultora com base no processo de criação de dois dos seus trabalhos: Germinares (2021), realizado em granito durante o 26º Simpósio Internacional de Escultura de Aswan, no Egito, e Desvanece uma na outra (2022), executado em seu atelier a partir de uma estrutura em metal e uma moldagem em espuma. O primeiro trabalho carrega uma representação do período pandêmico, do isolamento e do deslocamento para o Egito no percurso do seu fazer poético. Já o segundo, traz o retorno ao atelier como um lugar seguro para seus processos criativos em contínuo.
Entre março e agosto de 2020, durante o período pandêmico, Catiuscia Dotto se encontrava profundamente imersa em seu movimento criativo. Seus deslocamentos eram realizados apenas em territórios remotos, onde o risco de contágio era inexistente. Ao mesmo tempo em que se escondia do mundo conhecido, também buscava, de alguma forma, retornar à sua essência; assim, a escultora acabou redescobrindo as sementes no seu entorno. Com as coletas de sementes, surge a série Germinares (2020), pequenas esculturas que se propunham a ser monumentais. A partir dessa série, Catiuscia Dotto é selecionada para o 26º Simpósio Internacional de Escultura de Aswan, no Egito, onde realiza o trabalho Germinares (2021, fig. 01), em granito vermelho, para ser exposto no Open Museum1.
Quando a artista retornou ao Brasil, o seu trabalho de atelier recupera formas que lá já estavam, assim, duas estruturas iniciadas há alguns meses tomam corpo e se entrelaçam no espaço. Desvanece uma na outra (2022) consiste em um conjunto de duas peças que se complementam, e, ao mesmo tempo, se repelem. Como elementos relacionais, podem ser percebidas no exato momento em que pretendem se fundir, talvez por atração, ou, quem sabe, por ataque. Em ambos os trabalhos é perceptível que toda a sua pesquisa se relaciona direta e intimamente com questões do fazer e existir feminino.
Na Aridez do Deserto, o Granito Vermelho: Processo de Germinar
Iniciava a madrugada quando Catiuscia Dotto desembarcou em Aswan, sul do Egito (fig. 02). Confusa e sem que seu corpo compreendesse o contexto espaço-temporal que habitava, precisou explicar ao controle policial o motivo de portar ferramentas em sua bagagem. Logo depois, ao entrar no carro em direção ao hotel, enquanto percorria as ruas escuras de Aswan – um lugar que parecia não dormir –, foi tomada pelo cheiro abundante dos temperos e pelos diversos sons que se misturavam ao melódico árabe, já sendo possível sentir a presença árida do deserto. Esse era seu primeiro deslocamento depois de dois anos de reclusão devido à pandemia.
Na manhã seguinte à sua chegada em Aswan, sob um sol intenso, encontrou uma paisagem quase monocromática, em tons arenosos que não pudera perceber visualmente na noite anterior. Guiada pelo som do atrito entre discos diamantados e cinzéis, Catiuscia chega ao seu ambiente de trabalho, o qual frequentaria nos próximos quarenta dias, e, lá, foi apresentada a Mohamed, seu assistente, para quem deveria imediatamente demandar trabalho. Embora precisasse de tempo para se adaptar ao novo ambiente, não haveria nenhuma brecha temporal que permitisse sentir o espaço ou aquele gigantesco bloco de pedra em relação ao seu pequeno projeto.
Já no primeiro dia, ficou claro que os meses de planejamento não lhe deram a verdadeira dimensão do que seria a experiência imersiva no Simpósio Internacional de Esculturas de Aswan. Os Simpósios de Escultura2 consistem em eventos que ocorrem em diversos países, nos quais se reúnem artistas em uma cidade sede com a finalidade de produzir e destinar esculturas para espaços públicos. Esses encontros se caracterizam por reunir especialistas que, durante um período específico, trabalham e promovem debates em torno de um assunto de interesse mútuo: a escultura. Para Abreu (2005, p. 26), os simpósios “são ateliers abertos reunindo artistas, empresas e poderes públicos que têm constituído momentos privilegiados de encontro e de confronto de experiências e de técnicas, a nível internacional”. Nos Simpósios de Escultura aliados à discussão do tema proposto, está intrínseco o fator social de convivência, que sugere um “banquete” no qual o debate teórico se entrelaça à prática escultórica em
[…] um encontro de escultores convidados que vivem e trabalham em conjunto por várias semanas para produzir peças individuais que serão exibidas ou permanentemente instaladas gerando um ambiente escultural, como um parque de esculturas ou um centro de arte.3 (CAMILLIS apud ABREU, 2006, p. 3)
O Simpósio Internacional de Esculturas de Aswan, em sua 26ª edição, no ano de 2021, reuniu artistas egípcios e estrangeiros por trinta dias em torno do resgate ao granito vermelho e sua representatividade dentro da escultura daquele país. A proposta estabelece a construção de um diálogo entre a tradição e a contemporaneidade no campo tridimensional. O granito utilizado no Simpósio foi retirado de pedreiras semelhantes às extraídas dos grandes blocos que sustentaram os templos faraônicos ao longo do Nilo. Organizado pelo Ministério da Cultura do Egito, o evento permite um intercâmbio entre artistas nacionais e estrangeiros em uma relação de aproximação com a cultura egípcia, evidenciando o patrimônio faraônico e desenvolvendo uma experiência intensa com a cultura árabe contemporânea naquele país.
Não era a primeira experiência de Catiuscia Dotto em Simpósios de Escultura, o que lhe garantia consciência de todas as implicações que poderiam ocorrer ao realizar um trabalho dentro das condições do evento. Entretanto, inseguranças eram reativadas, afinal, nunca havia trabalhado com um bloco de pedra daquela grandeza, tampouco conhecia o idioma – mesmo que compreendesse as diferenças culturais. Mas havia um outro fator preocupante: viajar para outro país depois de dois anos de isolamento dentro de sua casa/atelier.
Ir para outro continente com os medos acumulados por não estar no refúgio de seu lar/atelier repleto de mata, precisando desembarcar em um árido deserto e transpor uma escultura que cabia na palma da sua mão, e que havia sido originalmente modelada em argila, para um bloco de granito vermelho de dez toneladas sob diferentes pressões de tempo, clima e existência, constituiu um desafio pessoal e artístico de romper o endosperma.
Os Simpósios são ambientes voltados para a produção dos escultores, permitindo que esses possam se inserir por completo em seu processo de criação e no desenvolvimento de seu trabalho, assim como uma residência artística se converte em “espaços específicos de criação artística”, ou seja, “em lugares de trocas e reconhecimento, nos quais os artistas/criadores, com seus trabalhos/intervenções, recuperam a complexidade e a diversidade, o significado e o valor das relações entre arte e vida” (MORAES, 2009, p. 1).
O processo criativo de Dotto ocorre a partir do meio em que se encontra, adaptando-se às condições mutáveis oferecidas. É no decorrer do seu fazer que a escultora segue encontrando novas possibilidades e se abrindo a elas. Desde sempre Catiuscia tinha claro para si que, devido ao tempo e às condições de trabalho propostos pelos Simpósios de Escultura – os quais designam um estado de desacomodação e diferem da familiaridade de trabalhar vivendo constantes mutações criativas em um atelier –, é de suma importância manter-se fiel ao projeto apresentado e selecionado. Regra esta que quase sempre é desobedecida por Dotto durante a execução dos seus trabalhos, não sendo diferente em Aswan.
Louise Bourgeois (2000, p. 217) afirma que a “tarefa básica do artista é a concentração – conquistar o silêncio total e amigo”, porém, no frenesi daquela primeira manhã, Catiuscia teve que iniciar a escultura sem tempo suficiente para pensar em todos os passos do processo e sem o silêncio da concentração. Isso lhe remeteu à sua primeira experiência com pedra, anos atrás, na Bolívia, sobre a qual escreveu:
Eu fui com um projeto minuciosamente entalhado em sabão. O projeto não cabia na pedra. Foi preciso silenciar o corpo e a cabeça, pois eram tantas as novidades, eram tantas as cores para ver, havia tanto que aprender sobre aquele lugar (…) Foi preciso me colocar em contato com a pedra e com o espaço de trabalho, articulado ao tempo restante para decidir como fazer” (DOTTO, 2016, p. 57).
No Egito, ao se deparar com a dureza da pedra4 e com a alteração do cronograma por parte do evento, que reduziu o tempo de trabalho, Catiuscia decidiu mudar, simplificar sem perder a ideia da semente inicial. Durante os dias em que esteve em Aswan, seu envolvimento com a execução do trabalho era de uma submissão intensa ao processo de criação, um envolvimento completo que diz respeito não apenas a uma rotina diária de trabalho braçal, mas também ao processo de todas as noites que pensava em reconsiderar o que havia sido feito e o que havia por fazer. Criar é tomar decisões e estar disposto às imprevisibilidades. No Simpósio, as decisões devem ser assertivas devido ao tempo e à necessidade de apresentar resultados prontamente, diferente dos trabalhos de atelier, que muitas vezes não se tornam públicos porque permanecem insatisfatórios para a artista.
No Aconchego do Atelier os Entrelaces
Mesmo permeado pelas interrupções da vida cotidiana, o trabalho em ateliê se desenvolve de maneira distinta ao dos simpósios, já que o processo criativo é contínuo e indeterminado. O espaço de trabalho permanece intocado, guardado, por vezes parece apenas um caos físico composto de objetos, ferramentas, materiais e esculturas em andamento, é como “uma porção de mundo que tem uma relação particular com nosso corpo, uma espécie de extensão mundana e material (COCCIA, 2018, p. 38)”. E é neste lugar, no ateliê, que Catiuscia Dotto organiza suas estratégias criativas; é na presença dos trabalhos em elaboração – em geral mais de um simultaneamente – e dos trabalhos antigos que seu processo criativo se retroalimenta.
Ao retornar ao seu atelier, à mata no Brasil, Catiuscia Dotto constrói o trabalho Desvanece uma na outra (2022), o qual parte das relações que existem entre os elementos da natureza, como as árvores que são capazes de se comunicar exalando cheiros, seja para se aproximar ou se afastar, onde as “raízes de uma espécie ocupam cada espaço não usado pela outra, infiltram-se em seu tronco e puxam água e nutrientes, enfraquecendo e ultrapassando a altura de sua rival” (WOHLLEBEN, 2017, p. 11). A referência às raízes nessas esculturas transborda a ideia de existência dentro de uma escuridão pulsante, em que desejos vibram ao mesmo tempo que são escondidos, tal qual o ambiente onde elas existem.
A luz quase não chega aqui. Os sons e o barulho do mundo superior são um tremor surdo e contínuo. Quase tudo que se passa no alto, aliás, existe e se traduz debaixo da terra em sismos e estremecimentos. A água se infiltra como todo o líquido que provém do mundo de cima e, como tudo aqui, se esforça para descer rumo ao centro. Tudo está em contato com tudo, e uma lenta circulação das matérias e dos sumos permite a todos viver bem além dos limites de seus corpos. (COCCIA, 2018, p. 77)
Essas esculturas conformam, em si, o jogo da sedução que as raízes tecem no subsolo, assemelhando-se aos sentimentos e às sensações do corpo feminino em assalto erótico, isto é, a entrega aos desejos atravessada pelos receios que, para a artista, definem ações de autodefesa. Esta série representa um nebuloso espaço de existir e sentir, profundezas que rasgam e penetram com violência, buscando alimentar e tranquilizar o corpo que deve se apresentar ao mundo social domesticado.
Dotto acrescenta às esculturas Desvanece uma na outra (2022, fig. 04) texturas feitas de flores de crochê dispostas em suas superfícies e, ao fazê-lo, lembra de uma toalha vermelha enorme da casa de sua tia, a qual havia sido feita por um homem. Esse fato carrega em si uma certa surpresa e estranheza, visto que, para a artista, o crochê pertence ao fazer feminino, técnica passada de geração em geração apenas para mulheres, uma espécie de passatempo feminino, um fazer quase que automático. Como pode, então, esse fazer ser, ao mesmo tempo, ócio e trabalho? Enquanto conta os pontos de cada uma das flores que está construindo, Dotto pensa sobre a disposição e os significados que as texturas irão carregar neste trabalho. Para ela, o tempo de fazer crochê é o tempo de germinar, brotar aos poucos, dia após dia.
As flores de crochê que recobrem partes das estruturas desse trabalho carregam a potência sexual das flores. Ao contrário das misteriosas raízes e da racionalidade das sementes, as flores são, conforme Coccia (2018, p. 98), um atrator, “em vez de ir em direção ao mundo, atrai o mundo para si”, elas são responsáveis pela reprodução das plantas, contidas em sua delicadeza e fragilidade, consolidam a mesma efemeridade da excitação e do gozo, pois a flor é o “apêndice que permite às plantas ou, mais precisamente às plantas mais evoluídas, as angiospermas – levar a cabo esse processo de absorção e captura do mundo.”
Entre o fazer do crochê e o fazer da escultura existe uma dualidade histórica: enquanto o primeiro é visto como feminino, o segundo é reservado a uma produção masculina dentro do campo das artes, onde poucas foram as mulheres encorajadas a se aventurar.
Entre Germinar e Desvanecer: Ser Escultora Mulher
As relações existentes entre Germinares (2021, fig. 05) – realizada em pedra a partir de formas tradicionais de esculpir – e Desvanece uma na outra (2022, fig. 04) – realizada pela moldagem em espuma e pelas superfícies de crochê –, são resultantes de dois deslocamentos da escultora Catiuscia Dotto. Se no primeiro contexto os elementos verticais são questionados pelo seu trabalho em bloco, no segundo, os elementos fálicos são trazidos, por ela, para o espaço.
Germinar consiste em rasgar uma epiderme em busca de uma nova existência. A sutileza final da peça realizada no Egito é fruto do árduo processo de cortar uma pedra e de se adaptar ao meio. Um trabalho braçal que exige resistência e resiliência, abrupto tal como o embrião ao romper o tegumento sem perder o uno. Já no trabalho realizado no aconchego do ateliê, a construção é contínua, lenta e frágil, exige persistência, ponto a ponto, e, ao unir todas as pequenas peças, tem-se o enrijecido. Resiliência e persistência são procedimentos que permanecem em todo o processo escultórico de Catiuscia Dotto.
Em Simpósios de Escultores, as mulheres são sempre minoria5, algumas vezes são chamadas pelo caráter exótico de suas presenças manuseando ferramentas. Cavar, rasgar, cortar, tecer, colar, fibrar, lixar, carregar, são atos de resistência do corpo feminino na ação de esculpir. A sutileza vinda da dor pertence ao corpo feminino quando germina uma nova vida. Se na arte foi negado espaço para as mulheres, na escultura, esse apagamento é ainda mais significativo. Gerar formas tridimensionais na arte e romper com os padrões historicamente estabelecidos no campo da escultura, é um trabalho árduo realizado por corpos femininos. Dotto tem consciência de que ser mulher no campo da escultura é um ato contínuo de se instituir como capaz.
Ao cortar a pedra que se apresenta resistente e lhe cobrir com sua abrasiva poeira (fig. 06), Dotto relembra Camille Claudel (2017), escultora que teve sua vida interrompida por querer dedicar-se à escultura em uma sociedade misógina; ao rasgar as fibras de vidro, que resultam em pequenas inflamações na sua pele, vem-lhe à memória a artista Louise Bourgeois (2000), que estabelece a potência feminina em suas esculturas. Já carregar lhe remete aos trabalhos maleáveis de Tetê Barachini (2013), que se apresentam como contraponto à imponência ereta do monumento, e que provocam, em seu aconchego, uma nova relação mais íntima com o outro. Lixar faz com que suas mãos se ressequem pelo atrito necessário com o material, tal como a pele de Manoela Furtado ao se cobrir de gesso e fazer do seu corpo um monumento. Ainda, para Dotto, tecer as flores de crochê deste trabalho traduz o encantamento pelos jardins coloridos de amor e de dor, de Vanessa Freitag (2019).
DO ISOLAMENTO AO DESLOCAMENTO: SOBRE OS MOVIMENTOS NO PROCESSO DE CRIAÇÃO
ARTIGO Catiuscia Bordin Dotto e Teresinha Barachini
Catiuscia Bordin Dotto // Escultora, pesquisadora e Doutoranda em Artes Visuais pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV/UFRGS). Atua como professora do Instituto Federal Sul Rio-Grandense (IFSUL).
Teresinha Barachini // Artista, pesquisadora e professora do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IA-UFRGS). Atua no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV UFRGS) e na graduação em Artes Visuais (DAV-IA-UFRGS). Doutora em Poéticas Visuais pelo PPGAV | UFRGS e Mestre em Artes pela ECA | USP.
Revista Arte ConTexto
REFLEXÃO EM ARTE
ISSN 2318-5538
V.7, Nº18, MAR., ANO 2023
ACESSO À CULTURA
RESUMO
Ao considerar os obstáculos do deslocar-se e isolar-se decorrentes da pandemia de COVID-19, este texto traz uma reflexão sobre o processo criativo de Catiuscia Dotto, uma mulher escultora que produziu seus trabalhos em dois contextos diferentes: o primeiro, Germinares (2021), foi realizado em granito no Egito, carrega o estado de suspensão e contém a representação do passado e do futuro; e o segundo, Desvanece uma na outra (2022), foi realizado em seu ateliê, consiste em um conjunto de duas peças que se complementam, e, ao mesmo tempo, se repelem.
PALAVRAS-CHAVE
Escultura. Processo Criativo. Arte Contemporânea.
ABSTRACT
Considering the challenges of moving and isolating oneself from the COVID-19 pandemic, this text reflects on the creative process of Catiuscia Dotto, a woman sculptor that produces her works in two different contexts: the first work, Germinares (2021), which was made in granite in Egypt, carries the state of suspension and contains the representation of past and future; and the second, Desvanece uma na outra (2022), which was made in her studio, consists on two pieces that complements and repel each other at the same time.
KEYWORDS
Sculpture. Criative Process. Contemporany Art.
Para este texto, foram escolhidos trabalhos da doutoranda Catiuscia Dotto, buscando uma reflexão sobre a experiência de ser uma mulher escultora com base no processo de criação de dois dos seus trabalhos: Germinares (2021), realizado em granito durante o 26º Simpósio Internacional de Escultura de Aswan, no Egito, e Desvanece uma na outra (2022), executado em seu atelier a partir de uma estrutura em metal e uma moldagem em espuma. O primeiro trabalho carrega uma representação do período pandêmico, do isolamento e do deslocamento para o Egito no percurso do seu fazer poético. Já o segundo, traz o retorno ao atelier como um lugar seguro para seus processos criativos em contínuo.
Entre março e agosto de 2020, durante o período pandêmico, Catiuscia Dotto se encontrava profundamente imersa em seu movimento criativo. Seus deslocamentos eram realizados apenas em territórios remotos, onde o risco de contágio era inexistente. Ao mesmo tempo em que se escondia do mundo conhecido, também buscava, de alguma forma, retornar à sua essência; assim, a escultora acabou redescobrindo as sementes no seu entorno. Com as coletas de sementes, surge a série Germinares (2020), pequenas esculturas que se propunham a ser monumentais. A partir dessa série, Catiuscia Dotto é selecionada para o 26º Simpósio Internacional de Escultura de Aswan, no Egito, onde realiza o trabalho Germinares (2021, fig. 01), em granito vermelho, para ser exposto no Open Museum1.
Quando a artista retornou ao Brasil, o seu trabalho de atelier recupera formas que lá já estavam, assim, duas estruturas iniciadas há alguns meses tomam corpo e se entrelaçam no espaço. Desvanece uma na outra (2022) consiste em um conjunto de duas peças que se complementam, e, ao mesmo tempo, se repelem. Como elementos relacionais, podem ser percebidas no exato momento em que pretendem se fundir, talvez por atração, ou, quem sabe, por ataque. Em ambos os trabalhos é perceptível que toda a sua pesquisa se relaciona direta e intimamente com questões do fazer e existir feminino.
Na Aridez do Deserto, o Granito Vermelho: Processo de Germinar
Iniciava a madrugada quando Catiuscia Dotto desembarcou em Aswan, sul do Egito (fig. 02). Confusa e sem que seu corpo compreendesse o contexto espaço-temporal que habitava, precisou explicar ao controle policial o motivo de portar ferramentas em sua bagagem. Logo depois, ao entrar no carro em direção ao hotel, enquanto percorria as ruas escuras de Aswan – um lugar que parecia não dormir –, foi tomada pelo cheiro abundante dos temperos e pelos diversos sons que se misturavam ao melódico árabe, já sendo possível sentir a presença árida do deserto. Esse era seu primeiro deslocamento depois de dois anos de reclusão devido à pandemia.
Na manhã seguinte à sua chegada em Aswan, sob um sol intenso, encontrou uma paisagem quase monocromática, em tons arenosos que não pudera perceber visualmente na noite anterior. Guiada pelo som do atrito entre discos diamantados e cinzéis, Catiuscia chega ao seu ambiente de trabalho, o qual frequentaria nos próximos quarenta dias, e, lá, foi apresentada a Mohamed, seu assistente, para quem deveria imediatamente demandar trabalho. Embora precisasse de tempo para se adaptar ao novo ambiente, não haveria nenhuma brecha temporal que permitisse sentir o espaço ou aquele gigantesco bloco de pedra em relação ao seu pequeno projeto.
Já no primeiro dia, ficou claro que os meses de planejamento não lhe deram a verdadeira dimensão do que seria a experiência imersiva no Simpósio Internacional de Esculturas de Aswan. Os Simpósios de Escultura2 consistem em eventos que ocorrem em diversos países, nos quais se reúnem artistas em uma cidade sede com a finalidade de produzir e destinar esculturas para espaços públicos. Esses encontros se caracterizam por reunir especialistas que, durante um período específico, trabalham e promovem debates em torno de um assunto de interesse mútuo: a escultura. Para Abreu (2005, p. 26), os simpósios “são ateliers abertos reunindo artistas, empresas e poderes públicos que têm constituído momentos privilegiados de encontro e de confronto de experiências e de técnicas, a nível internacional”. Nos Simpósios de Escultura aliados à discussão do tema proposto, está intrínseco o fator social de convivência, que sugere um “banquete” no qual o debate teórico se entrelaça à prática escultórica em
[…] um encontro de escultores convidados que vivem e trabalham em conjunto por várias semanas para produzir peças individuais que serão exibidas ou permanentemente instaladas gerando um ambiente escultural, como um parque de esculturas ou um centro de arte.3 (CAMILLIS apud ABREU, 2006, p. 3)
O Simpósio Internacional de Esculturas de Aswan, em sua 26ª edição, no ano de 2021, reuniu artistas egípcios e estrangeiros por trinta dias em torno do resgate ao granito vermelho e sua representatividade dentro da escultura daquele país. A proposta estabelece a construção de um diálogo entre a tradição e a contemporaneidade no campo tridimensional. O granito utilizado no Simpósio foi retirado de pedreiras semelhantes às extraídas dos grandes blocos que sustentaram os templos faraônicos ao longo do Nilo. Organizado pelo Ministério da Cultura do Egito, o evento permite um intercâmbio entre artistas nacionais e estrangeiros em uma relação de aproximação com a cultura egípcia, evidenciando o patrimônio faraônico e desenvolvendo uma experiência intensa com a cultura árabe contemporânea naquele país.
Não era a primeira experiência de Catiuscia Dotto em Simpósios de Escultura, o que lhe garantia consciência de todas as implicações que poderiam ocorrer ao realizar um trabalho dentro das condições do evento. Entretanto, inseguranças eram reativadas, afinal, nunca havia trabalhado com um bloco de pedra daquela grandeza, tampouco conhecia o idioma – mesmo que compreendesse as diferenças culturais. Mas havia um outro fator preocupante: viajar para outro país depois de dois anos de isolamento dentro de sua casa/atelier.
Ir para outro continente com os medos acumulados por não estar no refúgio de seu lar/atelier repleto de mata, precisando desembarcar em um árido deserto e transpor uma escultura que cabia na palma da sua mão, e que havia sido originalmente modelada em argila, para um bloco de granito vermelho de dez toneladas sob diferentes pressões de tempo, clima e existência, constituiu um desafio pessoal e artístico de romper o endosperma.
Os Simpósios são ambientes voltados para a produção dos escultores, permitindo que esses possam se inserir por completo em seu processo de criação e no desenvolvimento de seu trabalho, assim como uma residência artística se converte em “espaços específicos de criação artística”, ou seja, “em lugares de trocas e reconhecimento, nos quais os artistas/criadores, com seus trabalhos/intervenções, recuperam a complexidade e a diversidade, o significado e o valor das relações entre arte e vida” (MORAES, 2009, p. 1).
O processo criativo de Dotto ocorre a partir do meio em que se encontra, adaptando-se às condições mutáveis oferecidas. É no decorrer do seu fazer que a escultora segue encontrando novas possibilidades e se abrindo a elas. Desde sempre Catiuscia tinha claro para si que, devido ao tempo e às condições de trabalho propostos pelos Simpósios de Escultura – os quais designam um estado de desacomodação e diferem da familiaridade de trabalhar vivendo constantes mutações criativas em um atelier –, é de suma importância manter-se fiel ao projeto apresentado e selecionado. Regra esta que quase sempre é desobedecida por Dotto durante a execução dos seus trabalhos, não sendo diferente em Aswan.
Louise Bourgeois (2000, p. 217) afirma que a “tarefa básica do artista é a concentração – conquistar o silêncio total e amigo”, porém, no frenesi daquela primeira manhã, Catiuscia teve que iniciar a escultura sem tempo suficiente para pensar em todos os passos do processo e sem o silêncio da concentração. Isso lhe remeteu à sua primeira experiência com pedra, anos atrás, na Bolívia, sobre a qual escreveu:
Eu fui com um projeto minuciosamente entalhado em sabão. O projeto não cabia na pedra. Foi preciso silenciar o corpo e a cabeça, pois eram tantas as novidades, eram tantas as cores para ver, havia tanto que aprender sobre aquele lugar (…) Foi preciso me colocar em contato com a pedra e com o espaço de trabalho, articulado ao tempo restante para decidir como fazer” (DOTTO, 2016, p. 57).
No Egito, ao se deparar com a dureza da pedra4 e com a alteração do cronograma por parte do evento, que reduziu o tempo de trabalho, Catiuscia decidiu mudar, simplificar sem perder a ideia da semente inicial. Durante os dias em que esteve em Aswan, seu envolvimento com a execução do trabalho era de uma submissão intensa ao processo de criação, um envolvimento completo que diz respeito não apenas a uma rotina diária de trabalho braçal, mas também ao processo de todas as noites que pensava em reconsiderar o que havia sido feito e o que havia por fazer. Criar é tomar decisões e estar disposto às imprevisibilidades. No Simpósio, as decisões devem ser assertivas devido ao tempo e à necessidade de apresentar resultados prontamente, diferente dos trabalhos de atelier, que muitas vezes não se tornam públicos porque permanecem insatisfatórios para a artista.
No Aconchego do Atelier os Entrelaces
Mesmo permeado pelas interrupções da vida cotidiana, o trabalho em ateliê se desenvolve de maneira distinta ao dos simpósios, já que o processo criativo é contínuo e indeterminado. O espaço de trabalho permanece intocado, guardado, por vezes parece apenas um caos físico composto de objetos, ferramentas, materiais e esculturas em andamento, é como “uma porção de mundo que tem uma relação particular com nosso corpo, uma espécie de extensão mundana e material (COCCIA, 2018, p. 38)”. E é neste lugar, no ateliê, que Catiuscia Dotto organiza suas estratégias criativas; é na presença dos trabalhos em elaboração – em geral mais de um simultaneamente – e dos trabalhos antigos que seu processo criativo se retroalimenta.
Ao retornar ao seu atelier, à mata no Brasil, Catiuscia Dotto constrói o trabalho Desvanece uma na outra (2022), o qual parte das relações que existem entre os elementos da natureza, como as árvores que são capazes de se comunicar exalando cheiros, seja para se aproximar ou se afastar, onde as “raízes de uma espécie ocupam cada espaço não usado pela outra, infiltram-se em seu tronco e puxam água e nutrientes, enfraquecendo e ultrapassando a altura de sua rival” (WOHLLEBEN, 2017, p. 11). A referência às raízes nessas esculturas transborda a ideia de existência dentro de uma escuridão pulsante, em que desejos vibram ao mesmo tempo que são escondidos, tal qual o ambiente onde elas existem.
A luz quase não chega aqui. Os sons e o barulho do mundo superior são um tremor surdo e contínuo. Quase tudo que se passa no alto, aliás, existe e se traduz debaixo da terra em sismos e estremecimentos. A água se infiltra como todo o líquido que provém do mundo de cima e, como tudo aqui, se esforça para descer rumo ao centro. Tudo está em contato com tudo, e uma lenta circulação das matérias e dos sumos permite a todos viver bem além dos limites de seus corpos. (COCCIA, 2018, p. 77)
Essas esculturas conformam, em si, o jogo da sedução que as raízes tecem no subsolo, assemelhando-se aos sentimentos e às sensações do corpo feminino em assalto erótico, isto é, a entrega aos desejos atravessada pelos receios que, para a artista, definem ações de autodefesa. Esta série representa um nebuloso espaço de existir e sentir, profundezas que rasgam e penetram com violência, buscando alimentar e tranquilizar o corpo que deve se apresentar ao mundo social domesticado.
Dotto acrescenta às esculturas Desvanece uma na outra (2022, fig. 04) texturas feitas de flores de crochê dispostas em suas superfícies e, ao fazê-lo, lembra de uma toalha vermelha enorme da casa de sua tia, a qual havia sido feita por um homem. Esse fato carrega em si uma certa surpresa e estranheza, visto que, para a artista, o crochê pertence ao fazer feminino, técnica passada de geração em geração apenas para mulheres, uma espécie de passatempo feminino, um fazer quase que automático. Como pode, então, esse fazer ser, ao mesmo tempo, ócio e trabalho? Enquanto conta os pontos de cada uma das flores que está construindo, Dotto pensa sobre a disposição e os significados que as texturas irão carregar neste trabalho. Para ela, o tempo de fazer crochê é o tempo de germinar, brotar aos poucos, dia após dia.
As flores de crochê que recobrem partes das estruturas desse trabalho carregam a potência sexual das flores. Ao contrário das misteriosas raízes e da racionalidade das sementes, as flores são, conforme Coccia (2018, p. 98), um atrator, “em vez de ir em direção ao mundo, atrai o mundo para si”, elas são responsáveis pela reprodução das plantas, contidas em sua delicadeza e fragilidade, consolidam a mesma efemeridade da excitação e do gozo, pois a flor é o “apêndice que permite às plantas ou, mais precisamente às plantas mais evoluídas, as angiospermas – levar a cabo esse processo de absorção e captura do mundo.”
Entre o fazer do crochê e o fazer da escultura existe uma dualidade histórica: enquanto o primeiro é visto como feminino, o segundo é reservado a uma produção masculina dentro do campo das artes, onde poucas foram as mulheres encorajadas a se aventurar.
Entre Germinar e Desvanecer: Ser Escultora Mulher
As relações existentes entre Germinares (2021, fig. 05) – realizada em pedra a partir de formas tradicionais de esculpir – e Desvanece uma na outra (2022, fig. 04) – realizada pela moldagem em espuma e pelas superfícies de crochê –, são resultantes de dois deslocamentos da escultora Catiuscia Dotto. Se no primeiro contexto os elementos verticais são questionados pelo seu trabalho em bloco, no segundo, os elementos fálicos são trazidos, por ela, para o espaço.
Germinar consiste em rasgar uma epiderme em busca de uma nova existência. A sutileza final da peça realizada no Egito é fruto do árduo processo de cortar uma pedra e de se adaptar ao meio. Um trabalho braçal que exige resistência e resiliência, abrupto tal como o embrião ao romper o tegumento sem perder o uno. Já no trabalho realizado no aconchego do ateliê, a construção é contínua, lenta e frágil, exige persistência, ponto a ponto, e, ao unir todas as pequenas peças, tem-se o enrijecido. Resiliência e persistência são procedimentos que permanecem em todo o processo escultórico de Catiuscia Dotto.
Em Simpósios de Escultores, as mulheres são sempre minoria5, algumas vezes são chamadas pelo caráter exótico de suas presenças manuseando ferramentas. Cavar, rasgar, cortar, tecer, colar, fibrar, lixar, carregar, são atos de resistência do corpo feminino na ação de esculpir. A sutileza vinda da dor pertence ao corpo feminino quando germina uma nova vida. Se na arte foi negado espaço para as mulheres, na escultura, esse apagamento é ainda mais significativo. Gerar formas tridimensionais na arte e romper com os padrões historicamente estabelecidos no campo da escultura, é um trabalho árduo realizado por corpos femininos. Dotto tem consciência de que ser mulher no campo da escultura é um ato contínuo de se instituir como capaz.
Ao cortar a pedra que se apresenta resistente e lhe cobrir com sua abrasiva poeira (fig. 06), Dotto relembra Camille Claudel (2017), escultora que teve sua vida interrompida por querer dedicar-se à escultura em uma sociedade misógina; ao rasgar as fibras de vidro, que resultam em pequenas inflamações na sua pele, vem-lhe à memória a artista Louise Bourgeois (2000), que estabelece a potência feminina em suas esculturas. Já carregar lhe remete aos trabalhos maleáveis de Tetê Barachini (2013), que se apresentam como contraponto à imponência ereta do monumento, e que provocam, em seu aconchego, uma nova relação mais íntima com o outro. Lixar faz com que suas mãos se ressequem pelo atrito necessário com o material, tal como a pele de Manoela Furtado ao se cobrir de gesso e fazer do seu corpo um monumento. Ainda, para Dotto, tecer as flores de crochê deste trabalho traduz o encantamento pelos jardins coloridos de amor e de dor, de Vanessa Freitag (2019).
Notas de Rodapé
1- Museu a céu aberto que abriga as esculturas realizadas por artistas do mundo inteiro nas edições do evento.
2- Também são denominados como Festivais ou Encontros de Escultores ou Bienais quando ocorrem em intervalos sistemáticos a cada dois anos.
3- Tradução livre. Texto original: “[…] a gathering of invited sculptors who live and work together for several weeks to produce individual finish pieces that are exhibited or permanently installed in a sculptural setting, like a sculpture park or an art center.” (CAMILLIS apud ABREU, 2006, p. 3)
4- Foi a primeira vez que Catiuscia trabalhou entalhando o granito vermelho de Aswan, conhecido por ser uma pedra muito resistente. A artista já havia trabalhado outras pedras na América Latina e desenvolve sua investigação em materiais diversos.
5- Em Aswan, dos dez artistas presentes, três eram escultoras mulheres. Em outros eventos que Catiuscia participou, como no World Youth Forum, também no Egito, realizado no ano de 2019, dos 45 artistas representando diferentes países, apenas seis eram mulheres
Notas de Rodapé
1- Museu a céu aberto que abriga as esculturas realizadas por artistas do mundo inteiro nas edições do evento.
2- Também são denominados como Festivais ou Encontros de Escultores ou Bienais quando ocorrem em intervalos sistemáticos a cada dois anos.
3- Tradução livre. Texto original: “[…] a gathering of invited sculptors who live and work together for several weeks to produce individual finish pieces that are exhibited or permanently installed in a sculptural setting, like a sculpture park or an art center.” (CAMILLIS apud ABREU, 2006, p. 3)
4- Foi a primeira vez que Catiuscia trabalhou entalhando o granito vermelho de Aswan, conhecido por ser uma pedra muito resistente. A artista já havia trabalhado outras pedras na América Latina e desenvolve sua investigação em materiais diversos.
5- Em Aswan, dos dez artistas presentes, três eram escultoras mulheres. Em outros eventos que Catiuscia participou, como no World Youth Forum, também no Egito, realizado no ano de 2019, dos 45 artistas representando diferentes países, apenas seis eram mulheres
Referências Bibliográficas
ABREU, José Guilherme Ribeiro Pinto de. Escultura Pública e Monumentalidade em Portugal (1948-1998): Estudo Transdisciplinar de História da Arte e fenomenologia genética. 2006. 922 f., vol. II. Estudos específicos. Simpósios de Escultura. Tese (Doutorado em Historia da Arte) Faculdade de Ciências Sociais e Humanas de Lisboa, Lisboa, Portugal, 2006.
______. A escultura no espaço público do Porto no Século XX, 2005. 483 f., Dissertação (mestrado em História da Arte em Portugal). Universidade do Porto. Porto, Portugal, 2005.
BOURGEOIS, Louise. Desconstrução do pai reconstrução do pai, escritos e entrevistas 1923 – 1997. São Paulo: Cosac Naify, 2000.
BARACHINI, Teresinha. Maleabilidade: impermanência explícita, Porto Alegre: UFRGS, 2013. Tese (Doutorado em Artes Visuais). Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/87679 Acesso em: setembro de 2022.
COCCIA, Emanuele. A vida das plantas: uma metafísica da mistura. Florianópolis: Cultura e Barbárie, 2018.
CLAUDEL, Camille. Museu Camille Claudel, 2017. Disponível em: https://www.museecamilleclaudel.fr/en/collections/camille-claudel-biography/1886-1893-rodin-and-camille-claudel-tumultuous-love-affair-and Acesso em: setembro de 2022.
DOTTO, Catiuscia Bordin. Simpósios de escultura: processos de interação e produção escultórica na contemporaneidade, Santa Maria: UFSM, 2016. Dissertação (Mestrado em Artes Visuais). Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/handle/1/5245 Acesso em: setembro de 2022.
FREITAG, Vanessa. Flores de algum lugar. PORTO ARTE: Revista de Artes Visuais, [S. l.], v. 24, n. 41, 2019. DOI: 10.22456/2179-8001.104625. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/PortoArte/article/view/104625. Acesso em: 24 set. 2022.
MORAES, Marcos José de. Residência Artística: ambientes de formação, criação e difusão, 2009, 127 f. Tese (Doutorado em Arquitetura). Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
RIBEIRO, Manoela de Barros Barbosa Furtado. As superfícies que se conhecem são as que se aproximam: um diálogo tátil entre corpo e matéria, Porto Alegre: UFRGS, 2019. Dissertação (Mestrado em Artes Visuais) Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/204632 Acesso em: setembro de 2022
WOHLLEBEN, Peter. A vida secreta das árvores. Tradução de Petê Rissatti. Rio de Janeiro: Sextante, 2017.
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DOTTO, Catiuscia Bordin. Simpósios de escultura: processos de interação e produção escultórica na contemporaneidade, Santa Maria: UFSM, 2016. Dissertação (Mestrado em Artes Visuais). Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/handle/1/5245 Acesso em: setembro de 2022.
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MORAES, Marcos José de. Residência Artística: ambientes de formação, criação e difusão, 2009, 127 f. Tese (Doutorado em Arquitetura). Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
RIBEIRO, Manoela de Barros Barbosa Furtado. As superfícies que se conhecem são as que se aproximam: um diálogo tátil entre corpo e matéria, Porto Alegre: UFRGS, 2019. Dissertação (Mestrado em Artes Visuais) Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/204632 Acesso em: setembro de 2022
WOHLLEBEN, Peter. A vida secreta das árvores. Tradução de Petê Rissatti. Rio de Janeiro: Sextante, 2017.
Lista de Imagens
Capa Catiuscia Dotto, Desvanece uma na outra, 2022, resina, 190 x 120 x 90 cm (acervo da artista).
1 Catiuscia Dotto. Germinares (2021), processo de trabalho durante o 26º Simpósio Internacional de Escultura de Aswan. Pequena escultura realizada em 2020 (frente) durante o isolamento social e que serviu de modelo para a escultura realizada no Egito em 2021 (atrás), em granito vermelho, 220 x 190 x 180 cm. Aswan, Egito, 2021. Fotografia: Catiuscia Dotto.
2 Vista da cidade de Aswan, Egito, contemplando o Rio Nilo ao fundo, a partir do local de trabalho no 26º Simpósio Internacional de Escultura de Aswan, Egito, 2021. Fotografia: Catiuscia Dotto.
3 Catiuscia Dotto. Desvanece uma na outra, 2022, resina, 190 x 120 x 90 cm. Fotografia: Catiuscia Dotto.
4 Catiuscia Dotto. Desvanece uma na outra, 2022, resina, 190 x 120 x 90 cm (detalhe da textura realizada com a aplicação de crochê). Fotografia: Catiuscia Dotto.
5 Catiuscia Dotto. Germinares (2021). A artista no processo de criação da escultura em granito vermelho durante o 26º Simpósio Internacional de Escultura de Aswan. Local: Aswan, Egito, 2021. Fotografia: Engy Omara.
6 Catiuscia Dotto. Germinares. (2021). A artista em processo de criação da escultura em granito vermelho durante o 26º Simpósio Internacional de Escultura de Aswan. Fotografia: Engy Omara. Aswan, Egito, 2021.
Lista de Imagens
Capa Catiuscia Dotto, Desvanece uma na outra, 2022, resina, 190 x 120 x 90 cm (acervo da artista).
1 Catiuscia Dotto. Germinares (2021), processo de trabalho durante o 26º Simpósio Internacional de Escultura de Aswan. Pequena escultura realizada em 2020 (frente) durante o isolamento social e que serviu de modelo para a escultura realizada no Egito em 2021 (atrás), em granito vermelho, 220 x 190 x 180 cm. Aswan, Egito, 2021. Fotografia: Catiuscia Dotto.
2 Vista da cidade de Aswan, Egito, contemplando o Rio Nilo ao fundo, a partir do local de trabalho no 26º Simpósio Internacional de Escultura de Aswan, Egito, 2021. Fotografia: Catiuscia Dotto.
3 Catiuscia Dotto. Desvanece uma na outra, 2022, resina, 190 x 120 x 90 cm. Fotografia: Catiuscia Dotto.
4 Catiuscia Dotto. Desvanece uma na outra, 2022, resina, 190 x 120 x 90 cm (detalhe da textura realizada com a aplicação de crochê). Fotografia: Catiuscia Dotto.
5 Catiuscia Dotto. Germinares (2021). A artista no processo de criação da escultura em granito vermelho durante o 26º Simpósio Internacional de Escultura de Aswan. Local: Aswan, Egito, 2021. Fotografia: Engy Omara.
6 Catiuscia Dotto. Germinares. (2021). A artista em processo de criação da escultura em granito vermelho durante o 26º Simpósio Internacional de Escultura de Aswan. Fotografia: Engy Omara. Aswan, Egito, 2021.