ALÉM DE TODAS AS PERSPECTIVAS: CAMINHAR
TEXTO CURTO
Fabíola Tasca
Fabíola S. Tasca é artista e pesquisadora. Doutora em Artes pela Escola de Belas Artes da UFMG e professora na Escola Guignard da UEMG, em Belo Horizonte, onde coordena, desde 2021, um ateliê de desenho intitulado “percursos e mapas”.
RESUMO
Neste texto, elaboro brevemente minha experiência docente com o ateliê de desenho: percursos e mapas, lançando mão de autores que discorrem sobre a relação entre caminhar e educar a atenção. Descrevo os Seminários a passeio, proposição poética e educativa, quando caminhamos e conversamos a partir de perguntas elaboradas e doadas pelos participantes, e que vão sendo sorteadas ao longo do percurso. As perguntas impulsionam o livre curso do pensamento e, assim como o silêncio, convidam à experiência de caminhar. A caminhada é compreendida enquanto prática da paisagem, instaurando e nutrindo modos de presença e percepção. O texto é concluído com a apresentação do projeto de extensão universitária, em processo de elaboração: “Mapas e percursos: praticar a paisagem como ação para a paz desde quatro regionais de Belo Horizonte”.
Revista Arte ConTexto
REFLEXÃO EM ARTE
ISSN 2318-5538
V.8, Nº19, MAIO, ANO 2024
PERSPECTIVAS PARA ALÉM DA VISÃO
Caminhar constitui uma prática fundamental para os planos de ensino do ateliê de desenho: percursos e mapas que, desde 2021, eu coordeno na Escola Guignard, Universidade do Estado de Minas Gerais, em Belo Horizonte. No ateliê, realizamos Seminários a passeio ou peripatéticos – eu prefiro chamá-los a passeio. Esse exercício nos oferece uma possibilidade de deslocamento da sala de aula para o espaço aberto, no entorno do prédio da escola, no Bairro Mangabeiras, situado na regional Centro-Sul da capital mineira. Em nossas caminhadas já encontramos galinhas d’angola, esquilos, micos, serpentes, quatis. A Escola Guignard é vizinha da Serra do Curral, meio ambiente generoso para a diversidade de formas de vida. Especialmente depois da vivência difícil do confinamento imposto pela pandemia, caminhar ao ar livre nos permite uma vívida experiência.
Nos Seminários a passeio, caminhamos e conversamos a partir de perguntas elaboradas e doadas pelos participantes. As perguntas vão sendo sorteadas ao longo do percurso. Elas impulsionam o livre curso do pensamento e, assim como o silêncio, convidam à experiência de caminhar.
Prática elementar, para a qual grande parte das pessoas está habilitada. De que tipo de experiência se trata quando consideramos o potencial pedagógico do simples ato de andar a pé?
O professor Jan Masschelein nomeia como “pedagogia pobre” uma pedagogia que tem na prática de caminhar uma aliada fundamental. Ele explica:
A questão do caminhar não é que ele nos ofereceria uma visão (leitura) “melhor” ou uma visão mais completa, que nos permitiria transgredir os limites de nossa perspectiva, mas sim que ele nos permite, por assim dizer, uma visão além de toda perspectiva, um olhar que nos transforma (e é, portanto, experiência) enquanto a sua evidência nos comanda. Ele permite um olhar além de toda perspectiva, já que a perspectiva está presa a um ponto de vista no sentido de posição subjetiva, ou seja, exatamente a posição do sujeito em relação a um objeto/objetivo. Caminhar significa colocar essa posição em jogo, significa ex-posição, estar fora-de-posição. (MASSCHELEIN, 2008, p. 37)
E o que está em jogo com a noção de pedagogia pobre e do caminhar enquanto prática constitutiva dessa pedagogia é uma relação com a densidade do presente.
O antropólogo Tim Ingold, citando Masschelein e o filósofo Henri Bortoft, sublinha que “caminhar é ser comandado por aquilo que ainda não está dado, mas está a caminho de sê-lo.” (INGOLD, 2015, p. 29) Fala da imaginação como o gesto de fazer aparecerem coisas, propondo que esse aparecimento se dá por meio dos processos que as fazem emergir e distancia-se do entendimento da imaginação como projeção da mente sobre o mundo da matéria. Imaginar teria relação com uma educação da atenção, para a qual o caminhar constitui fundamento. Ingold, ainda com Masschelein, menciona dois sentidos para a palavra educação: o primeiro, do verbo latino educare: criar, cultivar, inculcar um padrão de conduta aprovado juntamente com o conhecimento que o sustenta, sentido que se apresenta mais amiúde: o segundo, a variante etimológica educere: ex (fora) + ducere (levar). Educar no sentido de educere corresponderia a um convite para caminhar.
No ateliê, buscamos frequentar a experiência de contato com o mundo por meio de percursos que são também derivas. Além dos Seminários a passeio, fazemos caminhadas em direção a…, quando nossa intenção não é chegar a um destino, mas nos movermos em uma direção definida de comum acordo, sabendo-a aberta a desvios.
Sobre a aventura do caminhar e sobre os constrangimentos que a ela são dirigidos, o arquiteto Francesco Careri escreve:
Na América do Sul, caminhar significa enfrentar muitos medos: medo da cidade, medo do espaço público, medo de infringir regras, medo de apropriar-se do espaço, medo de ultrapassar barreiras muitas vezes inexistentes e medo de outros cidadãos, quase sempre percebidos como inimigos potenciais. Simplesmente, o caminhar dá medo e, por isso, não se caminha mais; quem caminha é um sem-teto, um mendigo, um marginal. (CARERI, 2013, p. 170)
Em situações de conflito, muitas vezes se diz: o ponto de vista de A, o ponto de vista de B. Careri parece seguir uma direção não dicotômica ao elaborar afinidades entre o ato de caminhar e o de decidir deter-se no encontro com o Outro, não mais percebido como inimigo potencial. Esse encontro é imaginado desde uma saudação não beligerante. O gesto, um sinal amistoso ligado à vulnerabilidade dos corpos caminhantes, não blindados, dois braços erguidos, “[…] as mãos vazias, desarmadas, inofensivas e talvez estendidas em direção a um abraço” (CARERI, 2013, p. 173-174).
As considerações de Francesco Careri sobre caminhar como modo de encontro com o Outro, enquanto evento de paz, participam de uma proposição de desenho. Em 2021, fiz desenhos por meio do procedimento de frottage e em cada desenho, nas dimensões 66 x 96 cm, carimbei uma instrução:
Mapa da Paz desenhe um mapa imaginante/peça aos seus amigos para desenharem mapas/dê mapas para as pessoas desconhecidas. [Espaço para assinatura e menção à estação do ano], próxima paisagem: escola de arte provisória1 a partir de Yoko Ono.2
Assim, os mapas da paz lançam convites para a continuidade dos gestos de desenhar e doar mapas. Pretende-se que tal instrução tome a forma de uma oficina de mapas da paz como sensibilização para a participação nos Seminários a passeio; assim, ambas as proposições serão realizadas no contexto do projeto de extensão universitária: “Mapas e percursos: praticar a paisagem como ação para a paz desde quatro regionais de Belo Horizonte”.
Tim Ingold utiliza a expressão “textura do mundo” para se referir à ideia da vida vivida ao longo de trilhas, ou caminhadas, “malha” é um dos conceitos-chave que utiliza no livro “Estar vivo” (INGOLD, 2015), entendida como uma textura de fios entrelaçados. Distantes dos métodos científicos de representação do espaço utilizados pela cartografia, os mapas da paz convocam a rugosidade constitutiva do mundo, fazendo com que mundos possam aparecer.
ALÉM DE TODAS AS PERSPECTIVAS: CAMINHAR
TEXTO CURTO
Fabíola Tasca
Fabíola S. Tasca é artista e pesquisadora. Doutora em Artes pela Escola de Belas Artes da UFMG e professora na Escola Guignard da UEMG, em Belo Horizonte, onde coordena, desde 2021, um ateliê de desenho intitulado “percursos e mapas”.
RESUMO
Neste texto, elaboro brevemente minha experiência docente com o ateliê de desenho: percursos e mapas, lançando mão de autores que discorrem sobre a relação entre caminhar e educar a atenção. Descrevo os Seminários a passeio, proposição poética e educativa, quando caminhamos e conversamos a partir de perguntas elaboradas e doadas pelos participantes, e que vão sendo sorteadas ao longo do percurso. As perguntas impulsionam o livre curso do pensamento e, assim como o silêncio, convidam à experiência de caminhar. A caminhada é compreendida enquanto prática da paisagem, instaurando e nutrindo modos de presença e percepção. O texto é concluído com a apresentação do projeto de extensão universitária, em processo de elaboração: “Mapas e percursos: praticar a paisagem como ação para a paz desde quatro regionais de Belo Horizonte”.
Revista Arte ConTexto
REFLEXÃO EM ARTE
ISSN 2318-5538
V.8, Nº19, MAIO, ANO 2024
PERSPECTIVAS PARA ALÉM DA VISÃO
Caminhar constitui uma prática fundamental para os planos de ensino do ateliê de desenho: percursos e mapas que, desde 2021, eu coordeno na Escola Guignard, Universidade do Estado de Minas Gerais, em Belo Horizonte. No ateliê, realizamos Seminários a passeio ou peripatéticos – eu prefiro chamá-los a passeio. Esse exercício nos oferece uma possibilidade de deslocamento da sala de aula para o espaço aberto, no entorno do prédio da escola, no Bairro Mangabeiras, situado na regional Centro-Sul da capital mineira. Em nossas caminhadas já encontramos galinhas d’angola, esquilos, micos, serpentes, quatis. A Escola Guignard é vizinha da Serra do Curral, meio ambiente generoso para a diversidade de formas de vida. Especialmente depois da vivência difícil do confinamento imposto pela pandemia, caminhar ao ar livre nos permite uma vívida experiência.
Nos Seminários a passeio, caminhamos e conversamos a partir de perguntas elaboradas e doadas pelos participantes. As perguntas vão sendo sorteadas ao longo do percurso. Elas impulsionam o livre curso do pensamento e, assim como o silêncio, convidam à experiência de caminhar.
Prática elementar, para a qual grande parte das pessoas está habilitada. De que tipo de experiência se trata quando consideramos o potencial pedagógico do simples ato de andar a pé?
O professor Jan Masschelein nomeia como “pedagogia pobre” uma pedagogia que tem na prática de caminhar uma aliada fundamental. Ele explica:
A questão do caminhar não é que ele nos ofereceria uma visão (leitura) “melhor” ou uma visão mais completa, que nos permitiria transgredir os limites de nossa perspectiva, mas sim que ele nos permite, por assim dizer, uma visão além de toda perspectiva, um olhar que nos transforma (e é, portanto, experiência) enquanto a sua evidência nos comanda. Ele permite um olhar além de toda perspectiva, já que a perspectiva está presa a um ponto de vista no sentido de posição subjetiva, ou seja, exatamente a posição do sujeito em relação a um objeto/objetivo. Caminhar significa colocar essa posição em jogo, significa ex-posição, estar fora-de-posição. (MASSCHELEIN, 2008, p. 37)
E o que está em jogo com a noção de pedagogia pobre e do caminhar enquanto prática constitutiva dessa pedagogia é uma relação com a densidade do presente.
O antropólogo Tim Ingold, citando Masschelein e o filósofo Henri Bortoft, sublinha que “caminhar é ser comandado por aquilo que ainda não está dado, mas está a caminho de sê-lo.” (INGOLD, 2015, p. 29) Fala da imaginação como o gesto de fazer aparecerem coisas, propondo que esse aparecimento se dá por meio dos processos que as fazem emergir e distancia-se do entendimento da imaginação como projeção da mente sobre o mundo da matéria. Imaginar teria relação com uma educação da atenção, para a qual o caminhar constitui fundamento. Ingold, ainda com Masschelein, menciona dois sentidos para a palavra educação: o primeiro, do verbo latino educare: criar, cultivar, inculcar um padrão de conduta aprovado juntamente com o conhecimento que o sustenta, sentido que se apresenta mais amiúde: o segundo, a variante etimológica educere: ex (fora) + ducere (levar). Educar no sentido de educere corresponderia a um convite para caminhar.
No ateliê, buscamos frequentar a experiência de contato com o mundo por meio de percursos que são também derivas. Além dos Seminários a passeio, fazemos caminhadas em direção a…, quando nossa intenção não é chegar a um destino, mas nos movermos em uma direção definida de comum acordo, sabendo-a aberta a desvios.
Sobre a aventura do caminhar e sobre os constrangimentos que a ela são dirigidos, o arquiteto Francesco Careri escreve:
Na América do Sul, caminhar significa enfrentar muitos medos: medo da cidade, medo do espaço público, medo de infringir regras, medo de apropriar-se do espaço, medo de ultrapassar barreiras muitas vezes inexistentes e medo de outros cidadãos, quase sempre percebidos como inimigos potenciais. Simplesmente, o caminhar dá medo e, por isso, não se caminha mais; quem caminha é um sem-teto, um mendigo, um marginal. (CARERI, 2013, p. 170)
Em situações de conflito, muitas vezes se diz: o ponto de vista de A, o ponto de vista de B. Careri parece seguir uma direção não dicotômica ao elaborar afinidades entre o ato de caminhar e o de decidir deter-se no encontro com o Outro, não mais percebido como inimigo potencial. Esse encontro é imaginado desde uma saudação não beligerante. O gesto, um sinal amistoso ligado à vulnerabilidade dos corpos caminhantes, não blindados, dois braços erguidos, “[…] as mãos vazias, desarmadas, inofensivas e talvez estendidas em direção a um abraço” (CARERI, 2013, p. 173-174).
As considerações de Francesco Careri sobre caminhar como modo de encontro com o Outro, enquanto evento de paz, participam de uma proposição de desenho. Em 2021, fiz desenhos por meio do procedimento de frottage e em cada desenho, nas dimensões 66 x 96 cm, carimbei uma instrução:
Mapa da Paz desenhe um mapa imaginante/peça aos seus amigos para desenharem mapas/dê mapas para as pessoas desconhecidas. [Espaço para assinatura e menção à estação do ano], próxima paisagem: escola de arte provisória1 a partir de Yoko Ono.2
Assim, os mapas da paz lançam convites para a continuidade dos gestos de desenhar e doar mapas. Pretende-se que tal instrução tome a forma de uma oficina de mapas da paz como sensibilização para a participação nos Seminários a passeio; assim, ambas as proposições serão realizadas no contexto do projeto de extensão universitária: “Mapas e percursos: praticar a paisagem como ação para a paz desde quatro regionais de Belo Horizonte”.
Tim Ingold utiliza a expressão “textura do mundo” para se referir à ideia da vida vivida ao longo de trilhas, ou caminhadas, “malha” é um dos conceitos-chave que utiliza no livro “Estar vivo” (INGOLD, 2015), entendida como uma textura de fios entrelaçados. Distantes dos métodos científicos de representação do espaço utilizados pela cartografia, os mapas da paz convocam a rugosidade constitutiva do mundo, fazendo com que mundos possam aparecer.
Notas de Rodapé
1. Para conhecer o projeto próxima paisagem: escola de arte provisória > Blog: https://proximapaisagem.tumblr.com/ | Instagram: @proxima.paisagem | Facebook: https://www.facebook.com/proximapaisagem | Contato: proximapaisagem@gmail.com
2. Map Piece é uma partitura de Yoko Ono, datada no verão de 1962, na qual a artista dá instruções para que os leitores desenhem mapas imaginários e doem mapas (ONO, 2000).
Notas de Rodapé
1. Para conhecer o projeto próxima paisagem: escola de arte provisória > Blog: https://proximapaisagem.tumblr.com/ | Instagram: @proxima.paisagem | Facebook: https://www.facebook.com/proximapaisagem | Contato: proximapaisagem@gmail.com
2. Map Piece é uma partitura de Yoko Ono, datada no verão de 1962, na qual a artista dá instruções para que os leitores desenhem mapas imaginários e doem mapas (ONO, 2000).
Referências Bibliográficas
CARERI, Francesco. Walkscapes: o caminhar como prática estética. Prefácio Paola Berenstein Jacques. Trad. Frederico Bonaldo. São Paulo: Editora G. Gili, 2013, p. 170.
INGOLD, Tim. O dédalo e o labirinto: caminhar, imaginar e educar a atenção. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 21, n. 44, p. 21-36, jul./dez. 2015.
MASSCHELEIN, Jan. E-ducando o olhar: a necessidade de uma pedagogia pobre. Educação & Realidade, nº 33(1), p. 35-47, jan./jun. 2008.
ONO, Yoko. Grapefruit. Nova Iorque: Simon & Schuster, 2000.
TASCA, Fabíola S. A Cultura aos cuidados da arte no projeto próxima paisagem. ArteConTexto, v. 7, nº 18, mar. 2023. Disponível em: https://artcontexto.com.br/portfolio/a-cultura-aos-cuidados-da-arte-no-projeto-proxima-paisagem-fabiola-tasca/. Acesso em: 25 out. 2023.
Referências Bibliográficas
CARERI, Francesco. Walkscapes: o caminhar como prática estética. Prefácio Paola Berenstein Jacques. Trad. Frederico Bonaldo. São Paulo: Editora G. Gili, 2013, p. 170.
INGOLD, Tim. O dédalo e o labirinto: caminhar, imaginar e educar a atenção. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 21, n. 44, p. 21-36, jul./dez. 2015.
MASSCHELEIN, Jan. E-ducando o olhar: a necessidade de uma pedagogia pobre. Educação & Realidade, nº 33(1), p. 35-47, jan./jun. 2008.
ONO, Yoko. Grapefruit. Nova Iorque: Simon & Schuster, 2000.
TASCA, Fabíola S. A Cultura aos cuidados da arte no projeto próxima paisagem. ArteConTexto, v. 7, nº 18, mar. 2023. Disponível em: https://artcontexto.com.br/portfolio/a-cultura-aos-cuidados-da-arte-no-projeto-proxima-paisagem-fabiola-tasca/. Acesso em: 25 out. 2023.
Lista de Imagens
Capa e Figuras – Mapas da Paz, Desenho por frottage, Giz de cera, giz pastel seco, giz pastel oleoso, carvão, grafite e instruções carimbadas sobre papel jornal e papel apergaminhado, 66 x 96 cm (aberto) e 16,5 x 24 cm (dobrado). Fotografia: Tibério França.
Lista de Imagens
Capa e Figuras – Mapas da Paz, Desenho por frottage, Giz de cera, giz pastel seco, giz pastel oleoso, carvão, grafite e instruções carimbadas sobre papel jornal e papel apergaminhado, 66 x 96 cm (aberto) e 16,5 x 24 cm (dobrado). Fotografia: Tibério França.