SOBRE O QUE (QUASE) ESTÁ
Nossa DÉCIMA PRIMEIRA EDIÇÃO busca pensar o caminho, mais do que o destino. Dar valor à concepção, ao esboço e ao projeto, já que o trajeto que se escolhe percorrer altera como um todo a experiência da travessia. Ao falar em arte, a consciência do processo é também uma consciência de decisões, de construção de conceitos, de reconhecimento de métodos e de estratégias. Nesse sentido, para esta edição, a Arte ConTexto buscou a reunião de reflexões voltadas mais ao raciocínio e ao pensamento que permeiam as proposições artísticas (sejam essas de produção ou de discurso) que à execução final da coisa em si. Neste número, em Pintura, partitura, Gabriela Motta discute o trabalho da artista Letícia Lopes, aposta da vez, que torna visível seu processo na própria obra, ao construir narrativas visuais abertas, evocando uma memória de aproximações e acumulações. Dando vida aos projetos não realizados, Jandir Jr. evoca a ideia de um palimpsesto. Ao publicar um projeto inviabilizado, propõe a justaposição entre sua hipotética realização e seu fracasso anunciado. Betina Guedes e Mayra Redin disparam um livre movimento de paráfrases e aproximações dedicadas a pensar a relação entre docência, prática artística e metodologias de criação. Já os textos Aquilo tudo antes do porvir e Maloqueiragem - declaração de uma roda de vadiagem ressaltam a arte como forma de resistência, como mobilidade e como possibilidade de confronto a um sistema de poder e privilégios. Elisandro Rodrigues, em Melodia do fracasso [de estilhaços utópicos], pensa sobre a utopia da imagem: sobre o que nela (quase) está, sobre o que nela falta. A partir daí, o autor revê o conceito de fracasso, definindo-o como uma possível máquina para a potência criativa. A metapoesia também é debatida, nesta edição, por Camilo Mattar Raabe, em O poema segundo "O poema", que lança seu olhar sobre a qualidade da poesia voltada ao processo criativo, ao próprio ato da escrita poética, momento em que a arte explica a si mesma. Finalmente, mas não por último, destacamos a nossa seção de cartas, escrita por André Winter Noble e Renata Requião. Nela, Pequena carta a Fan Ho, fotógrafo chinês, elevam-se observações sobre lógicas invisíveis, seja na produção fotográfica do artista, seja na sombra da paisagem ou no canto de um pássaro. Com a revista nº11, se buscou pensar o projeto, a dúvida, o erro que vira acerto. Dar luz à geração, ao momento antes da feitura, "insistindo com o instante". Aproveite esta edição e boa leitura!
Revista Arte ConTexto
- REFLEXÃO EM ARTE
ISSN 2318-5538
V.4, Nº11, NOV., ANO 2016
SOBRE O QUE (QUASE) ESTÁ
CITAÇÕES #1
"[...] Parece que está tudo nos neurônios, nas células do corpo, mas parece que não é uma coisa muito cerebral, de ficar pensando o que é que você vai fazer. Então, se está tudo lá, no automático, a tua mente tá em outro lugar, e pra mim a direção faz isso, e, se eu pudesse dirigir 12h, eu ia dirigir. Então, eu fiz assim: eu quero entrar lá e dirigir 12h. Eu só quero ir, e é muito legal, e é aí que eu acho que a intuição vai vindo, que toda a percepção... É tanto pensamento equivocado, embaralhado, que você deixa as pessoas verem... Eu fico parado olhando, eu não sei, parece que é o corpo presente e a mente em outro canto, e aí as coisas vêm, não sei. A direção faz isso comigo, tanto que eu dirijo muito."
- Rommulo Conceição, em conversa com Maria Paula Recena, "Da ação ao pensamento – Documento 1", 2016.
CITAÇÕES #2
“Vê como estamos bem no começo? […]
Que é preciso ser um iniciante […]
Contra a luz vez por outra, e com frequência com uma impenetrável escuridão atrás de si.”
- Rainer Maria Rilke, "A melodia das coisas", São Paulo: Estação Liberdade, 2011.
COLABORAÇÕES
- Minas Gerais4%
- Pernambuco11%
- Rio de Janeiro19%
- Rio Grande do Sul48%
- Santa Catarina7%
- São Paulo11%
GALERIA ARTE CONTEXTO
Carolina Melo
BELO HORIZONTE, UBERLÂNDIA E NOVA LIMA | MGFercho Marquéz
PORTO ALEGRE | RSLeandra Espírito Santo
RIO DE JANEIRO | RJ E SÃO PAULO | SP