DEIXA O TEXTO MANCHAR
A arte visual não é mais apenas visual: se contaminou, abraçou outros campos, incorporou outras linguagens. Desde os últimos 100 anos, pelo menos, a escrita já vinha a acompanhando. O binômio imagem e palavra, presente na arte moderna, se tornou recorrente desde então. Hoje, no entanto, assume ainda maior liberdade, marcando a produção de muitos artistas que têm, por exemplo, na prática da escrita um agente catalisador de suas produções, fazendo também com que o texto caminhe lado a lado com seu pensamento visual, ou construindo projetos instalativos em que o vocábulo se apresenta como elemento central. De que maneira o universo literário pode atravessar o campo artístico visual e trazer outros jeitos de organizar o pensamento poético? Como fazer uso da palavra para repensar outros processos linguísticos?
Na aposta desta última edição, Emanuel Monteiro se debruça sobre as cartas de Andréan Renand, pseudônimo de André Winter Noble e Renata Azevedo Requião, que trazem o ato da escrita e da conversação íntima como uma maneira de nos aproximarmos da arte e de seus idealizadores. Pedro Fonseca, em seu texto Testando um percurso por escritas indistintas, reflete sobre o processo da construção da escrita, atravessado pelas instâncias do cotidiano e de nossas próprias experiências. Enquanto isso, Daiana Schröpel, transitando entre as visualidades construídas a partir da paisagem rio-grandense, nos coloca frente à prática da tradução e nos permite observar como o apagamento e a reescrita podem tornar-se mecanismos para o surgimento de novas visibilidades. Na galeria desta edição, Yuly Marty, Daisuke Nagaoka e Léo Tavares apresentam produções que fazem uso do texto de maneiras distintas, seja a partir da narrativa ficcional ou de jogos de linguagem. Nossa décima terceira edição é um convite para o mergulho em dinâmicas artísticas, visuais e textuais, de maneira a pensarmos sobre os cruzamentos entre esses universos. Boa leitura!
Revista Arte ConTexto
- REFLEXÃO EM ARTE
ISSN 2318-5538
V.5, Nº13, JUL., ANO 2017
DEIXA O TEXTO MANCHAR
CITAÇÃO
É tudo rabisco. Como se fosse em forma de vento. Pelos a voar para baixo e braços na altura da cabeça. Estás a gostar e temer. A lógica arborescente é aborrecente e tu desejas o humor. Simples o desenho. Te dás conta que estás a rizomar. Que estás sendo rizoma. Que estás a viver aionamente num processo de desestruturação começo-meio-fim. Mas Chronos permanece. É aí que pontos de parada são estabelecidos (a toda hora). Criam-se espessuras e substâncias. Segmentos e fragmentos finitos. Sujeitos centrados, verbos ser e outros a ele sujeitados, objetos diretos e indiretos.
DESINVENTAR PROFUNDEZAS
Amanda Rosetti da Silveira
Eclea Pérsigo Morais
Frederico Guilherme Bandeira de Araujo
Heitor Levy Ferreira Praça
Laura Souza Rêdes
Letícia Castilhos Coelho
COLABORAÇÕES
- Distrito Federal4%
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GALERIA ARTE CONTEXTO
YULY MARTY
SÃO PAULO | SPDAISUKE NAGAOKA
TÓQUIO | JAPLÉO TAVARES
BRASÍLIA | DF