Mínimo pode ser referencial à essência
pode estar interligado ao que de fato caracteriza ou descreve algo
à higienização e economia
indicação seguida por ausência de significação/interpretação
dealbação de uma experiência estética
enquanto objeto artístico pode ser proposto
entre outros
como utilização de poucas
– ou quase nenhuma –
cores
formas concisas
ou
nesse caso
por uma negligência dolosa de pontuação
quando nasci em algum ano entre 1920 e 1930
mínimo talvez pudesse ser considerado o salário de meu pai dividido para uma família
de 6 irmãos
no qual eu era o número 4
meu nome, Quatro, indicava a ordem do meu nascimento
nada além disso
a seriação era uma questão cara aos meus pais que não sabiam conviver com a ideia
da subjetividade dos nomes
sempre abertos a interpretações e significados
de forma que ao nascer
cada um de nós já se autolegitimava enquanto tal: 1, 2, 3... e estava livre de
interpretações e referencialidades
– a não ser a referência dos que vinham antes e depois
ou a ausência de tais como no caso do 1 e do 6
respectivamente
o mínimo de N é 1
(ou 0, se considerarmos que 0 ∈ N)
lá em casa 0 nunca pertenceu aos naturais
o que levava 1 a ser o Mínimo
quarenta anos depois de meu nascimento
eu me colocava em/na arte da forma que nasci e fui criado
com a essência que
redundantemente
só nos permitiu a essência
o Mínimo
arte fora da parede
arte até na parede mas sem ser contemplada
sem obrigatoriedade de reflexão e subjetividades
pintura que se apropriasse da própria materialidade da tela
de sua cor e forma
objetividade pura
mesmo que o termo pura possa ser questionado até os dias de hoje
} eu espero que essa frase seja contemporânea a você {
ou uma não pintura
para além do objeto artístico
performar um novo modo de exposição
colocá-lo à prova
testá-lo
mesmo que se pareça um esvaziamento
mesmo que seja um esvaziamento
sendo um esvaziamento
repetir
apresentar de novo
copiar e colar
duplicar
triplicar
re-repetir
lado a lado
em sequência
sequenciado
de trás pra frente
tornar anagrama
permutar
Mínimo
P2,26= 6! / 2! . 2! =
720/ 4 =
180
tornar anagrama 180 vezes
sem acrescentar ou subtrair
só com o Mínimo
poder ser 180 para poder não ser 1
ou 4
ser 180 como sendo nenhum
anônimo
ou sendo todos
dentre muitos
anônimo
negar a unicidade para compor conjuntos
buscar pertencê-lo como o Mínimo
usar pontos continuativos
reticências
...
ou
nem usar pontos
1 Nathan Braga, O homem que carregava o Brasil no peito, 2014, desenho sobre papel, 21 x 15 cm.