A água move o ser humano. Esse elemento é parte fundamental da vida: 70% do nosso corpo é composto dele. Sem água não existimos, as plantas e os animais também não. Entretanto, temos consciência da importância desse componente essencial? Com diversos objetivos, entre eles a educação, desde 2004, Porto Alegre é palco da construção participativa de um Museu das Águas de Porto Alegre (Musa). O Musa é projeto vivo que vem crescendo com bases sólidas desde então.

A missão da instituição é “ser um espaço de convivência, de conscientização da sociedade e de construção de conhecimento, através da criação, produção e fruição de arte nas suas múltiplas manifestações, valorizando e promovendo a cultura, o ambiente e a história dos usos das águas e constituindo-se em instrumento de Gestão de Recursos Hídricos”.

No ano de 2004, no aniversário de 10 anos da Lei das Águas do Rio Grande do Sul e no II Forum Internacional da Água, o engenheiro civil e também historiador, Luiz Antônio Timm Grassi, junto de seus colegas, levantou a questão da criação de um Museu das Águas. Contudo, foi apenas em 2009, quando se criou o Comitê Multidisciplinar de Planejamento Urbanístico da Orla do Guaíba, onde diversos grupos de trabalho foram formados e coordenados pela artista Zoravia Bettiol, que a ideia do Musa avançou, em um GT próprio sobre o tema.

Muita articulação aconteceu desde então, culminando, no dia 22 de março de 2012, onde diversas entidades formalizaram apoio à iniciativa constituindo a Comissão Pró-Museu das Águas de Porto Alegre. Entre elas estão a Abes-RS, a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN), a Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN), a Fundação Planejamento Metropolitano regional (METROPLAN), o Institudo dos Arquitetos do Brasil (IAB/RS), a Associação Riograndense de Artes Plásticas Chico Lisboa (Chico Lisboa), o Governo do Estado do RS, a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

No segundo semestre de 2012, a Comissão realizou o evento “Águas em Movimento”, dentro da XIX Semana Interamericana e XII Semana Estadual da Água, promovida pela Abes/RS. Um dos momentos significativos da iniciativa foi a exposição de arte Águas em Movimento com mais de 80 artistas participantes, que fizeram suas intervenções e criações artísticas sobre suporte, em forma de uma pomba, desenhado pela artista Zoravia Bettiol. A exposição ocorreu entre os dias 26 e 29 de setembro de 2012, no Museu de Arte Contemporânea - MACRS, na Casa de Cultura Mário Quintana.



Uma proposta Complexa


O Musa possui três eixos de atuação: histórico, educacional e artístico. O histórico, comumente encontrado em outros museus das águas, abordará questões da história dos recursos hídricos, com a exposição de artefatos, objetos, documentos e acontecimentos relacionados à água. O educacional será importante na conscientização da sociedade tendo em vista a complexidade que a água ocupa na manutenção da vida no nosso planeta.

O eixo artístico envolverá as diferentes manifestações artísticas, como artes visuais, artes cênicas, literatura, música, cinema e vídeo, tendo a água como tema, representação, metáfora e/ou suporte. "Na sua essência, o Musa é profundamente complexo", explica Zoravia Bettiol, artista que abraçou a ideia do museu desde o começo. Esse eixo do Musa abarca todas as expressões artísticas. Vai desde a arte como instrumento lúdico e estético até a arte como crítica e como meio de educação. Grassi, em sua experiência, visitando museus sobre a água pelo mundo, vê no eixo artístico do Museu das Águas de Porto Alegre uma novidade: "é incomum em outros museus do gênero", comenta sobre a proposta do eixo

Para Zoravia, depois da construção do Museu, ainda há um desafio maior: mantê-lo como um espaço atuante na comunidade, com uma programação anual sem hiatos e estimulante para a população. O Musa poderá ser uma presença marcante no Brasil, levando em consideração o espaço que vai proporcionar o intercâmbio entre as diversas áreas artísticas e a colaboração na gestão das águas. Tem um grande potencial e pode chegar a se destacar internacionalmente.

Para abarcar tantos aspectos históricos, educacionais e artísticos, o Musa é composto por um equipe multidisciplinar de profissionais ligados à arquitetura, à engenharia sanitária e química, às ciências sociais, ao direito, à geologia, à educação, ao jornalismo, à museologia, às artes plásticas e à fotografia.



Perspectivas


Para o ano de 2013, a Comissão Pró-Musa espera receber uma resposta da Prefeitura de Porto Alegre sobre o lugar onde poderá ser construído o museu. Zoravia Bettiol coloca que a maior probabilidade é que o espaço seja na orla do Guaíba, após o arroio dilúvio, no sentido da Zona Sul. Depois dessa definição, vai ser feito em parceria com o Instituto de Arquitetos Brasileiro um concurso nacional para fazer o projeto arquitetônico do Musa. A Agência Nacional das Águas (ANA) também está dando apoio técnico nas questões de cunho administrativo do Museu. A ideia é que seja um museu de parceria público/privada com diversos mantenedores. Além disso, ainda neste ano, por meio da equipe multidisciplinar, vai ser criado o Plano Diretor do Musa.

Para mais informações sobre o Musa acesse o blog: Museu das águas

As pessoas interessadas em adquirir as pombas que os artistas plásticos criaram, com o tema da água, podem contatar a colega Angela Tavares pelo telefone (051) 9155-3203

1  Pombas da exposição “Águas em Movimento” (Créditos: Blog MUSA).

2  Comissão Pró-Musa se consolidou no dia da água em 2012.